A cobrança por um sistema mais moderno de governança e uma transparência destacada é crescente no mundo atual. Nos países em que o esporte de alto rendimento é política de governo, e consequentemente, os investimentos públicos no esporte são consideráveis, por exemplo Grã-Bretanha, Austrália, Nova Zelândia, entre outros, essa demanda se torna ainda maior.
No Brasil, é possível observar esse mesmo movimento em anos mais recentes. A CBDN tem buscado o que há de mais moderno nessa área para garantir a satisfação dos seus stakeholders e se manter relevante dentro do tema, de acordo com um de seus objetivos estratégicos.
Em 2010, a CBDN se tornou uma das primeiras confederações no Brasil a estabelecer uma Comissão de Atletas, aumentando a representatividade de um dos grupos de stakeholders mais importantes para a organização. O presidente da Comissão de atletas logo passou a integrar a Assembleia da CBDN.
Alguns princípios importantes estão presentes na entidade há mais de 15 anos, entre eles, auditoria externa independente anual, publicação de balanço auditado, principais decisões tomadas de forma colegiada, obrigações financeiras não assumidas de forma individual, entre outras.
Em 2017, a CBDN deu passo importante na evolução de seu modelo de governança por meio de uma ampla reforma estatutária, com destaque para alguns pontos:
– Incorporação dos princípios no estatuto: incorporou-se a definição de ética, governança e transparência no estatuto da entidade. Dessa forma, todos os poderes e participantes da organização precisam atuar de acordo com os mais altos padrões dessas áreas.
– Clara definição das competências: o estatuto apresenta de forma direta as funções e competências dos diversos poderes. Essa é apontada por diversos estudos como uma das principais dificuldades encontradas por organizações para mudar sua governança, pois a falta de definição leva a diversos overlaps de funções e normalmente a hipertrofia de um dos poderes.
– Participação de independentes: o conselho de administração e o conselho de ética passam a ter obrigatoriamente maioria de membros independentes visando trazer um “mix” de capacidades e habilidades amplo para esses poderes, além de ter pessoas que estão ali para pensar apenas na sustentabilidade da organização ao longo do tempo, sem possuir interesses relacionados a outros stakeholders.
– Aumento da representatividade de atletas: adição de mais um atleta/ex-atleta eleito por votação direta dos atletas ativos da organização na AG, assim os atletas passaram a ter 40% do número de votos dos outros membros da AG.
– Eleições intercaladas: no caso do Conselho de Administração, o objetivo é, de um lado, ter oxigenação do colegiado e de outro não perder todo o conhecimento gerado pelo grupo, mudando todos os membros de uma só vez. No Conselho Fiscal, o objetivo é separar por completo da gestão, sendo que cada composição do CF abrange parte de duas presidências distintas.
– Introdução do Código de Conduta Ética: dividido em duas partes, o código apresenta princípios e regras para os diversos stakeholders da organização.
– Vedação da remuneração dos poderes: o que já era prática na organização desde seu início, se tornou uma obrigação estatutária. Presidente, Vice-Presidente e membros dos Conselhos não podem ser remunerados, ou seja, os cargos eletivos são desempenhados de maneira voluntária por pessoas que gostem dos esportes de neve e queiram apoiar seu desenvolvimento doando parte do seu tempo e capacidade, enquanto a parte operacional é executada por pessoas contratadas no mercado com competências condizentes para cada cargo.
Assim, a CBDN entra em um novo ciclo tendo no Presidente o principal líder, a “face” da organização e dos esportes de neve no Brasil. No Conselho de Administração, o colegiado responsável pelo direcionamento estratégico e condução dos negócios da entidade. No Conselho Fiscal, um grupo capacitado de pessoas independentes e autônomas para fiscalizar e auxiliar a organização em temas fiscais e financeiros. No Conselho de Ética, o guardião da integridade e conduta ética dos esportes de neve no país. E na administração profissional, grupo de pessoas contratadas no mercado com as expertises necessárias para executar estratégia e aspirações da entidade.
Uma boa governança está intimamente ligada ao balanço de poderes e funções, além da clara divisão entre elas, princípios explorados e aplicados na CBDN ao longo dos anos para que as pessoas atuem sempre vislumbrando o que é melhor para a entidade dentro dos mais altos padrões de integridade e ética.