Encerrados os Jogos Olímpicos de Inverno nesse domingo (25), em PyeongChang (Coréia do Sul), o momento marca a passagem para o ciclo olímpico de Pequim 2022. Consumadas as inspiradoras histórias de Jaqueline Mourão e Victor Santos no Ski Cross Country, além da luta de Isabel Clark e a estreia de Michel Macedo, os esforços e foco se voltam para os Jogos Paralímpicos de Inverno e o desenvolvimento e planejamento para os próximos anos.

Uma edição para construir e legitimar as histórias de seus quatro representantes de maneiras diferentes. “Começando por fazer história com a Jaqueline que veio para sua sexta participação. Não é qualquer atleta que faz seis jogos seguidos, entre Verão e Inverno, em três modalidades. Foi a primeira comemoração importante para nós. Vamos torcer para que ela estenda até a China. Com sete participações e talvez a prova de 30km, uma prova de endurance que pode ser interessante pela maturidade dela, classificando com o critério A”, pontuou o presidente da CBDN, Stefano Arnhold, sobre a grande marca obtida pela delegação dos esportes de neve em PyeongChang.

Se Jaqueline Mourão fez história ao se tornar a atleta mais olímpica do País, o cross country brasileiro viu a chegada de Victor Santos, estreante da nova geração, cria do Projeto Social Ski na Rua –que insere crianças da comunidade São Remo, em São Paulo, no esporte por meio do rollerski e posteriormente no Ski Cross Country. Classificado para a disputa dos 15km estilo livre, Santos apresentou ao mundo uma das narrativas mais inspiradoras dos Jogos e encantou equipes e imprensa internacionais. “Tivemos uma história lindíssima que foi a do Victor. É muito rica e inspira muitas pessoas em vários países. Foi muito bacana poder celebrar a sua estreia nos Jogos de PyeongChang”, comentou Arnhold.

No Ski Alpino, apesar da lesão no joelho que o afastou das provas de Super Combinado e Super G, Michel Macedo, de apenas 19 anos, também fez sua estreia olímpica ao disputar o Slalom Gigante e o Slalom, e permanece como grande aposta para o próximo ciclo. “Fomos bem no circuito, trazendo uma revelação que é o Michel. Ele está esquiando nas provas técnicas em nível que nunca tivemos antes. Já tem um resultado expressivo com o top 15 dos Jogos Olímpicos da Juventude de Lillehammer. Nós acreditamos que o Michel pode ir abaixo dos 20 pontos FIS. Não é fácil medir, mas seria muito expressivo, sem falar nos vários Jogos pela frente”, avaliou Arnhold.

Principal história da delegação no sentido de luta e garra “fora” das pistas, Isabel Clark, dona do maior resultado da história do país em Jogos – 9º lugar em Turim 2006 -, não disputou a prova de Snowboard Cross devido a lesão sofrida após queda em treino oficial. Exaltando a garra da rider brasileira, Stefano Arnhold comentou: “A Isabel segue com nosso melhor resultado em modalidades de inverno. Infelizmente, uma queda a tirou dos Jogos, mas acho que por tudo que aconteceu, está ainda mais marcada a história dessa guerreira.  Ela batalhou o tempo todo, são mais de 20 anos de trabalho. A lesão de Cervinia (Itália) – do tipo cervical, ocorrida meses antes dos Jogos Olímpicos –  foi bastante séria, ela passou dois meses lutando para se recuperar e chegou até aqui. Os Jogos celebram a garra da Isabel. Sua carreira com quatro Jogos Olímpicos e o grande nono lugar em Turim 2006 são provas de uma pessoa talentosa, com garra infinita para conquistar os objetivos que teve ao longo da carreira”.

Foco nos Jogos Paralímpicos e Pequim 2022

Passados os Jogos Olímpicos, os esforços e atenções se voltam para os Jogos Paralímpicos que se iniciam no dia 9 de março. Com três atletas classificados em duas modalidades, a esperança é de superar os resultados de Sochi 2014 e obter ainda mais relevância no cenário paralímpico internacional. “O planejamento começou há muito tempo e o próximo passo são os Jogos Paralímpicos, temos muita esperança de que a primeira medalha em Jogos de Inverno do País venha nessas modalidades, antes mesmo das Olímpicas. De fato, é muito legal ver os resultados alcançados no Para Cross Country. A Aline Rocha é a primeira mulher classificada e o Cristian Ribera depois desses resultados incríveis na Copa do Mundo, incluindo um 4º lugar, tem chance de ser o atleta mais novo dos Jogos. Complementando, o André Cintra no Para Snowboard chega para sua segunda participação”, comentou.

2022 é logo ali

Especificamente sobre os esportes olímpicos, Arnhold ressaltou a importância da renovação e o acirramento das disputas pelas vagas para 2022 entre maior número de atletas. “Temos todo um trabalho a continuar desenvolvendo nas modalidades, no Ski Freestyle que não esteve por aqui, mas tem meninas novas a serem preparadas durante o ciclo. No Ski Alpino, além do Michel, temos o Guilherme Grahn se recuperando de lesão. Se lembrarmos que a vaga foi conquistada pelo Michel por apenas 0,05 pontos FIS à frente do Guilherme, teremos uma boa briga. No feminino devemos classificar uma atleta, com a Chiara Marano e a Isabella Springer em destaque. No Ski Cross Country já tivemos dez atletas com índice neste ciclo, e devemos ter no mínimo o dobro disso no próximo. Teremos um outro Victor e atletas que começaram ainda mais cedo que ele almejando uma classificação. Torceremos pela permanência da Jaqueline, que pode chegar à sétima edição de Jogos. Já no Snowboard, o trabalho é para preparar uma nova geração para 2026. No paralímpico, acredito que tenhamos cerca de cinco atletas, com um futuro muito grande embasado pelo nosso planejamento de longo prazo”, encerrou.