A Governança no Esporte – Fundamentos e relevância

 
 

por Stefano Arnhold, presidente da CBDN

 
 
 

Governança no Esporte foi provavelmente um dos temas mais abordados nos últimos anos, e tende a se manter extremamente relevante nos próximos, isso porque ainda há muito espaço para progredir nesse campo, tanto no Brasil quanto no Mundo.

Se por um lado a Governança aplicada a empresas já é estudada desde 1930, passando a ser uma área específica de estudo na década de 1970, a Governança aplicada a organizações esportivas é consideravelmente mais recente.

Para ajudar na compreensão, Governança pode ser, de forma simplificada, definida como um conjunto de regras, normas e estruturas de poder que definem como uma organização irá operar de forma a alcançar seu proposito de forma eficiente, hoje e no futuro.

E claro, isso precisa estar baseado em valores como transparência, equidade, accountability e responsabilidade. Não pode ser alcançar seu proposito a qualquer custo.

No mundo corporativo é possível encontrar um sem número de melhores práticas, conceitos, teorias e estratégias de como implementar uma governança eficiente em organizações dos mais diversos portes.

Assim, ao invés de começar do zero, alguns países como Austrália, Reino Unido e Estados Unidos, começaram a copiar e adaptar esses princípios e melhores práticas de governança também no esporte, trazendo um olhar mais moderno para as organizações que cuidam do esporte nesses países.

Iniciativas como os Princípios Obrigatórios de Governança no Esporte na Austrália ou o Código de Governança no Esporte no Reino Unido mostram que é possível trazer esses princípios de boa governança para qualquer atividade. No Brasil, iniciativas como o Rating das Entidades Esportivas começam a colocar o país na vanguarda desse tema.

Particularidades e diferenças não podem ser subestimadas (nem superestimadas). Sim, organizações esportivas são diferentes de corporações em um certo grau. No Brasil, em especial, a maioria das entidades atuantes na administração e prática no esporte são sem fins lucrativos, o que leva à uma legislação específica aplicável. Não, isso não significa que os princípios e teorias de boa governança não se apliquem as essas organizações.

Devemos ver a Governança no Esporte como a regra do jogo. Precisamos criar regras e estruturas que garantam a sustentabilidade das entidades, ou seja, que garantam que essas organizações estarão aptas e prontas para cumprir seus propósitos, não apenas hoje, mas principalmente amanhã.

Essas regras devem envolver a divisão de poder na organização, que deve não pode ser demasiadamente concentrado ou pulverizado, e mais que isso, precisa-se de claridade em quem é o responsável por cada área.  As decisões mais importantes devem ser colegiadas.  Outra área importante é a garantia de independência entre os poderes que devem ser independentes, por exemplo, o administrador não pode indicar quem irá fiscalizá-lo, além de claros mecanismos para identificação e resolução de conflitos de interesse.

Boa Governança não é salvação de tudo, mas é um pilar fundamental para as organizações que querem sobreviver no longo prazo. O mundo está mudando cada vez mais rápido, e uma boa governança é a pedra fundamental para qualquer processo de desenvolvimento. No caso das entidades de administração do esporte, governança é fundamental, pois essas entidades não têm dono, o esporte não tem dono.